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Tudo sobre espinha bífida, malformação que pode ser corrigida

O problema ocorre logo no começo da gestação e, na sua versão mais grave, pode até causar paralisia se não for corrigido a tempo.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 6 nov 2017, 19h43 - Publicado em 5 nov 2017, 19h50
 (wildpixel/Thinkstock/Getty Images)
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O primeiro mês da gestação é importante, pois é nesse período que o cérebro, a espinha e o sistema nervoso do bebê começam a se formar a partir do tubo neural, estrutura que surge na terceira semana de gravidez. Em algumas crianças, essa transição não ocorre como deveria e a espinha não fecha se totalmente. É o que os médicos chamam de espinha bífida, malformação que pode trazer complicações para a vida da criança.

O defeito do tubo neural ameaça também o sistema nervoso. “Existem graus do problema, sendo o mais grave deles a mielomeningocele, quando a medula espinhal fica exposta, o que pode atrapalhar a marcha da criança, o funcionamento da bexiga e a força nas pernas”, comenta Adriano Keijiro Maeda, neurocirurgião pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Na versão mais severa, além da malformação em si, ocorre uma síndrome que provoca alterações ortopédicas e hidrocefalia, o acúmulo de líquidos na cabeça do bebê.

A falha fica visível a partir do ultrassom morfológico que é feito perto da 22ª semana de gestação. Ela pode aparecer em qualquer lugar da coluna, mas é mais frequente na região lombar – a mais baixa das costas. A partir daí, começa uma corrida contra o tempo para proteger o sistema nervoso, que já no útero estará exposto ao risco de lesões.

Felizmente, o problema não é dos mais comuns. “A incidência muda entre os países, mas fica na casa de um para cada cem mil habitantes. No Brasil, dois estudos mais recentes mostraram uma taxa que varia entre 1,8 até 2,228 a cada cem mil”, afirma Salgado.

Os fatores de risco

Ela é multifatorial, mas há um ponto que tem parcela de culpa maior nessa história. É a carência de ácido fólico. O problema é que o nutriente é fundamental para o desenvolvimento do tubo neural do bebê – e não adianta começar a tomá-lo só depois que a gravidez é descoberta. “Percebemos que muitas mulheres acabam tomando errado o suplemento, quando a fase das malformações já passou”, comenta Maeda. Outros fatores relacionados à espinha bífida são a desnutrição no geral, uso de algumas medicações e genética.

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Como é feito o tratamento

Antigamente era preciso operar o recém-nascido o quanto antes, mas agora é possível intervir ainda no útero nos casos mais graves. “A abordagem intrauterina tem resultados cada vez mais favoráveis no fechamento da espinha e proteção do sistema nervoso”, aponta Humberto Salgado Filho, cirurgião pediátrico do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim. Ela pode ser feita por vídeo ou retirando o bebê da barriga por um breve período e o devolvendo para o término da gestação em seu tempo normal.

Depois do nascimento, o acompanhamento é multidisciplinar: envolve fisioterapeuta, neurologista, ortopedista e urologista pediátrico, dependendo da extensão das sequelas. Isso nos casos em que há exposição da medula e risco ao sistema nervoso. Ou seja, além da mielomeningocele, existe a meningocele: quando o fluido espinhal e os nervos estão expostos, mas a medula não.

Há ainda a versão mais branda, a espinha bífida oculta, que pode até passar despercebida. “A criança pode ter só um pequeno furo nas costas ou sinais que indicam o local da malformação, como acúmulo de pelos e manchas”, detalha Maeda. O quadro geralmente não traz complicações, mas precisa ser investigado mesmo assim.

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